domingo, 8 de junho de 2014

CINQUENTA TONS DE LIBERDADE


Estamos na semana que antecede ao dia dos namorados, nada mais clichê do que publicar um post sobre o amor, a literatura está cheia, e, apesar de ter antecipado o tema na semana passada com o ótimo O Teorema Katherine, aproveito o ensejo para abandonar o último volume da série Cinquenta Tons. Confesso a você, leitor do blog, que terminar de ler essa saga foi difícil, cheguei a comentar isso no post A Bicicleta Azul (18/5/2014). E volto a dizer, é muita cara de pau da autora espichar uma história para três volumes quando um único bem escrito já daria conta do recado.

Em Cinquenta Tons de Liberdade a escritora E L James (1963) descreve o casamento, a lua de mel, e o que Anastacia Steele, agora Anastacia Gray, chama de volta à vida normal. Só que nada que se refere ao casal pode-se chamar de “vida normal”. Por falta de assunto, entre um ‘meu cinquenta tons’ proferido por Anastacia e um ataque de fúria protagonizado por Christian por algum ato dela que fugiu ao seu controle, entre um ‘eu te amo para a vida toda’ dito pelos dois, e uma descrição do sexo entre eles cheia de orgasmos mútuos, nunca li sobre tantos orgasmos atingidos em toda minha existência, a história descamba para o thriller policial que daria inveja aos primeiros filmes do agente 007 pela ingenuidade e trama rocambolesca.

Nesse volume a troca de e-mails entre os dois, assim como as participações especiais do Inconsciente e da Deusa Interior, são raras. As brincadeirinhas sexuais pervertidas deixam de ser novidade e perdem a inventividade. O final do casal Gray é óbvio, assim como o passado obscuro de Christian é desvendado sem maiores reviravoltas. Todos os factoides narrados nas 518 páginas desse volume apenas servem de entretenimento para que leiamos as três últimas linhas que não fará mal algum em contar aqui:

Ele sorri e me beija novamente.
- Amo você, Sra Gray.
- Também amo você, Christian. Para sempre.

Tenho que dar um crédito para os dois últimos capítulos, dentro de uma divisão que a autora intitula ‘TONS DE Christian’. O primeiro é uma descrição do natal de Christian ainda garoto morando com a família Gray, e o segundo, mais divertido, é a mesma cena de Anastácia chegando para a entrevista com o todo poderoso Christian Gray que lemos no primeiro livro, só que agora sob a perspectiva dele, como se o papel de narrador estivesse invertido. Soa divertido e ao mesmo tempo preocupante, será que a autora vai lançar os três livros novamente só que dessa vez narrado pelo Christian... Espero sinceramente que não.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus em frente ao Colégio Módulo - Av. Magalhães Neto
Data: 30/08/2014

2 comentários:

  1. Nossa, seu comentário é perfeito. "muita cara de pau, escrever 3 volumes quando um daria conta do recado". Embora na minha opinião, essa história não merecesse nem mesmo um livro. Li a coleção completa me matando de ódio por dizer que conseguiria ler. A narrativa é cansativa, cliche e só há sexo. Realmente, quando Grey narra, fiquei com medo. Mais 3? Nãoooo. kkkk. Seguindo e curtindo seu blog. Vem conhecer o meu? Abraços
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gih,
      Gostei muito do seu blog, o post sobre os diálogos é muito interessante, de leitura fácil e divertida. É muito bacana enfatizar a literatura nacional, vou recomendar a leitura para os amigos.
      Obrigado por seguir o blog.

      Excluir