domingo, 16 de fevereiro de 2014

FIM


Estava no shopping quando passei pela vitrine de uma livraria e no cume de uma pilha de livros lá estava um exemplar de FIM, sua autora: Fernanda Torres (1965). Um casal ao lado, também parado mirando a vitrine, comenta entre si: “Ué! Ela escreve?”. Ouvi aquela frase e pensei com meus botões, claro que ela escreve, com os pais que tem ela deve ter sido alfabetizada com textos de teatro. E ri sozinho. Entrei na livraria e adquiri meu exemplar antes que se esgotasse.

Entendo o casal, o grande público acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, adoro Eu Sei Que Vou Te Amar, Casa da Areia e Saneamento Básico, O Filme, em paralelo houve algumas novelas não muito bem sucedidas e muitas participações especiais em diversos programas até o estouro da série Os Normais, que consolidou de vez sua veia cômico histriônica. Alguns conseguiram assistir seus trabalhos no teatro, eu vi quase tudo, senão tudo que ela fez, do fatídico The Flash and Crash Days até Orlando, Da Gaivota, 5 x Comédia e os ótimos Duas Mulheres e Um Cadáver e A Casa dos Budas Ditosos, adaptação do livro do João Ubaldo Ribeiro, obra que já falei aqui no blog. Aventurar-se na literatura seria quase que um passo adiante para uma cabeça tão fulgurante como a dela.

E, vamos combinar, ela arrasou no seu livro de estreia ao contar a saga dos cinco amigos: Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro. O interessante é que todos nós, desde que nascemos, sabemos que o nosso fim é a morte, entretanto Fernanda cumpre magistralmente a saga de nos mostrar o fim de todos eles e como suas vidas foram entrelaçadas. O rabugento Álvaro, o permissivo Silvio, o atlético Ribeiro, o careta Neto e o conquistador Ciro e todas as mulheres e demais personagens que os permeiam, em maior ou menor grau de importância, todos terão um fim traçado pelos pensamentos ágeis, bem humorados e melancólicos de Fernanda.

Agora, se me permite caro leitor desse blog, vou dar-lhe um modestíssimo conselho: leia o livro duas vezes, seguidas, sem dar nem um dia de trégua entre o fim da primeira leitura e o início da próxima. E na segunda fez que o ler vá desenhando uma árvore entrelaçando todos os personagens e seus respectivos fins, descobrirás uma gama imensa de coisas novas e a engenhosidade que estava na cabeça privilegiada da autora.

Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de ônibus - Hospital da Cidade
Data: 12/04/2014

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