No livro conheceremos o também cinquentão Harry Haller. Muitos
alegam ser uma espécie de alterego do Herman Hesse, hipótese surgida pela aliteração
entre os nomes do personagem e do autor, H.H., e a idade de ambos. Na minha
mais humilde opinião são três livros dentro de um só, embora todos tratem do
mesmo personagem. O primeiro é o Prefácio do Editor, uma visão do Harry feita
pelo sobrinho da dona da pensão. Depois temos o capítulo Anotações de Harry
Haller com o subtítulo ‘Só para loucos’ quando o próprio Harry toma as rédeas
da sua vida. Aqui o veremos antibelicista, ecológico e pacifista, mas não
totalmente despido de traços racistas e em vários momentos até preconceituoso.
Nessa fase seremos levados pelo Teatro Mágico até o realismo fantástico e
conheceremos o terceiro livro; o Tratado do Lobo da Estepe, uma análise
psicológica sobre a personalidade do nosso personagem e não há como não nos
identificarmos em várias passagens.
Harry acredita que sua integridade depende da vida solitária
que leva em meio às palavras de Goethe e as partituras de Mozart, um
intelectual tentando equilibrar-se entre o abismo dos problemas sociais e os
individuais, sua personalidade torna-se
cada vez mais ambivalente e por fim estilhaçada.
Antes de concluir esse post coloquei a frase “lobo da
estepe” no Google e apareceram muitas definições, claro que a maioria delas
ligadas ao livro, exceto uma que me chamou a atenção “o lobo da estepe, ao
contrário dos demais lobos, é aquele que caça solitário, e não em matilha”.
Essa definição cabe como uma luva no personagem de Hermann Hesse já que ele
começa a história como um sujeito avesso à sociedade e aos relacionamentos
interpessoais.
Acredito que, bem lá no fundo, todos nós temos um pouco da
personalidade do lobo, seja de que raça for. Boa leitura.
Cidade do abandono: Salvador/BA - Rio de Janeiro/RJ
Local: Voo 4207 - Azul - Bolsa da poltrona 12D
Data: 14/01/2014
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