Para muitos o autor bebe na fonte de obras como Lolita de
Vladmir Nabokov, A Casa das Belas Adormecidas de Yasunari Kawabata, citada logo
na epígrafe, ou até Morte em Veneza de Thomas Mann. Mas é em A Bela Adormecida
de Charles Perrault, também citada em um momento crucial do livro, que o autor se
envereda para a construção dos personagens e conta a história de amor entre um
ancião e uma jovem.
Já na página dezesseis o autor nos mostra o pensamento do
homem velho em relação ao amor quando diz: “Nunca me deitei com mulher alguma
sem pagar, e as poucas que não eram do ofício convenci pela razão ou pela força
que recebessem o dinheiro nem que fosse para jogar no lixo.”. Nesse ponto
percebemos que o mote do livro fica extremamente controverso. A princípio o
ancião, prestes a completar noventa anos, decide presentear-se com uma noite de
amor com uma adolescente virgem. Faz contatos com a dona do bordel que
frequentou a vida toda para que lhe providencie o luxo comemorativo e inicia os
preparativos para a grande noite. Ao encontra-la dormindo sente ternura e pena,
ao deitar-se a seu lado sente uma fisgada de carinho e aflição, ao despertar no
dia seguinte tem a visão da menina na luz conciliadora do amanhecer ainda dona
absoluta de sua virgindade, ao sair sente o peso dos seus noventa anos e começa
a pensar em quantas noites ainda faltam para morrer.
Inevitavelmente o amor havia se instalado em sua vida. E
agora?
Este é o post de número 150 do blog com resenha de livros que
foram ou serão abandonados para que outros desfrutem gratuitamente do prazer
de ler. É quase uma biblioteca. Conheço pessoas que passaram a vida inteira sem
ler nem a metade disso. Eu acho uma pena, perderam a oportunidade de enriquecer
sua existência. Continuarei abandonando livros por aí, disseminando
conhecimento adquirido e abrindo espaço para o novo, seja na estante ou na
vida.
Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Hotel Guanabara - Restaurante
Data: 15/08/2013