domingo, 28 de julho de 2013

MEMÓRIA DE MINHAS PUTAS TRISTES


Esse livro é, até hoje, a última obra publicada por Gabriel Garcia Márquez (1927). Cheio de referências feitas pelo autor ao longo da narrativa foi muito comparado pelos críticos com obras de outros autores. Gabriel nos brinda com uma história de amor entre uma pessoa bem mais velha por outra muito mais nova sem entrar na seara perigosa da pedofilia, tráfico de pessoas ou da exploração de menores, é um livro sobre a velhice.

Para muitos o autor bebe na fonte de obras como Lolita de Vladmir Nabokov, A Casa das Belas Adormecidas de Yasunari Kawabata, citada logo na epígrafe, ou até Morte em Veneza de Thomas Mann. Mas é em A Bela Adormecida de Charles Perrault, também citada em um momento crucial do livro, que o autor se envereda para a construção dos personagens e conta a história de amor entre um ancião e uma jovem.

Já na página dezesseis o autor nos mostra o pensamento do homem velho em relação ao amor quando diz: “Nunca me deitei com mulher alguma sem pagar, e as poucas que não eram do ofício convenci pela razão ou pela força que recebessem o dinheiro nem que fosse para jogar no lixo.”. Nesse ponto percebemos que o mote do livro fica extremamente controverso. A princípio o ancião, prestes a completar noventa anos, decide presentear-se com uma noite de amor com uma adolescente virgem. Faz contatos com a dona do bordel que frequentou a vida toda para que lhe providencie o luxo comemorativo e inicia os preparativos para a grande noite. Ao encontra-la dormindo sente ternura e pena, ao deitar-se a seu lado sente uma fisgada de carinho e aflição, ao despertar no dia seguinte tem a visão da menina na luz conciliadora do amanhecer ainda dona absoluta de sua virgindade, ao sair sente o peso dos seus noventa anos e começa a pensar em quantas noites ainda faltam para morrer.

Inevitavelmente o amor havia se instalado em sua vida. E agora?

Este é o post de número 150 do blog com resenha de livros que foram ou serão abandonados para que outros desfrutem gratuitamente do prazer de ler. É quase uma biblioteca. Conheço pessoas que passaram a vida inteira sem ler nem a metade disso. Eu acho uma pena, perderam a oportunidade de enriquecer sua existência. Continuarei abandonando livros por aí, disseminando conhecimento adquirido e abrindo espaço para o novo, seja na estante ou na vida.

Cidade do abandono: Rio de Janeiro/RJ
Local: Hotel Guanabara - Restaurante
Data: 15/08/2013

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