domingo, 6 de maio de 2012
AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
Continuando a série de livros que foram gerados em outras vertentes, mas que também mereceram uma publicação impressa, hoje vou escrever sobre uma obra fantástica de um autor que também é diretor, ator, dramaturgo, e encenador para teatro, televisão e cinema: Rainer Werner Fassbinder (1945 – 1982). Considerado o mais produtivo dos diretores do Novo Cinema Alemão, Fassbinder tinha personalidade forte e imprimiu isso em sua intensa participação na vida cultural alemã.
Embora lançado originalmente como filme em 1972, foi no teatro em 1982 que assisti pela primeira vez As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant. Com interpretações memoráveis de Fernanda Montenegro (Petra), Renata Sorrah (Karina, o amor de Petra) e Juliana Carneiro da Cunha (Marlene, a fiel escudeira). E cabe aqui ressaltar a direção segura de Celso Nunes na montagem. Fernanda consegue magistralmente encarnar o espírito que Fassbinder imprime às mulheres em suas obras.
No seu trabalho predominaram as temáticas relativas à situação dos “deslocados” na sociedade alemã, a condição humana de amar e não ser correspondido, a entrega, a trapaça, o vale tudo do amor, tema fundamental de As Lágrimas..., o texto reflete o estado dos seres humanos, independente de sexo, raça ou lugar. A solidão, o medo, o desespero, a angústia, uma busca pela própria identidade e o amor são assuntos recorrentes para Fassbinder. Em suas obras sempre haverá um lugar essencial para a mulher, figura que servirá para propagar as diversas formas de emancipação feminina. Podemos conferir isso através de três heroínas que protagonizam sua trilogia da Alemanha Ocidental: Maria Braun, interpretada por Hanna Schygulla em "O Casamento de Maria Braun" (1979), Lola, vivida por Barbara Sukowa em "Lola" (1981) e Veronika Voss, interpretada por Rosel Zech em "O Desespero de Veronika Voss"(1982).
Nunca em minha vida vou esquecer a cena: É o aniversário de Petra, Karina não aparece e não liga, Petra está com a mãe, a filha, e Sidônia, uma amiga. Elas discutem e num acesso de fúria e degradação Petra destrói tudo que foi montado para o chá, literalmente. A cena protagonizada por Fernanda Montenegro é tão visceral, tão real, que a plateia reage num misto de emoção e medo. Alguns choram, outros seguram firme a mão de seus acompanhantes. Em cena todos vão embora deixando Petra sozinha. Marlene a ampara e Petra, finalmente, a enxerga como pessoa.
- Senta aqui... Me fala da tua vida. (cai o pano)
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Ponto de Ônibus - Em frente ao hotel Atlantic Towers - Ondina
Data: 26/05/2012
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Olá, meu nome é Gabriela. Sou estudante de artes cênicas e neste ano irei utilizar essa peça como cena para aprovação de semestre. Gostaria de conversar com alguém que teve a oportunidade de assistir a essa montagem. Se possível, é claro!
ResponderExcluirgabrielamorato@live.com
Gabriela,
ResponderExcluirObrigado por visitar o blog. Vou escrever para o seu e-mail.
Abraço,
Olá Odilon, td bem?
ResponderExcluirVou fazer a banca sobre essa peça e vi o seu blog. Obrigada. Você tem o e-mail que encaminhou para a Gabriela? Pode me enviar, estou com dificuldades de compor a Petra. Desde já agradeço
Priscila, bom dia.
ResponderExcluirDesculpe a demora em responder. A Gabriela ficou de enviar as perguntas por e-mail sobre a peça mas não o fez. Eu já assisti quatro montagens de As Lágrimas Amargas, se quiser fazer algumas perguntas pode usar o e-mail do blog abandonandolivros@gmail.com