domingo, 26 de fevereiro de 2012

O DIA DO CHACAL


Que Frederick Forsyth (1938) é um grande escritor ninguém há de negar, são tantos os livros, e livros bons, que eu poderia enumerar vários aqui no blog, mas tratando-se do último post relacionado à série de livros que você não consegue parar de ler, resolvi abandonar o meu preferido: “O Dia do Chacal”. Aproveitando a oportunidade, dou início a outra série de livros que serão abandonados até o final de abril/2012 intitulada: Livros que foram adaptados para o cinema.
Este livro é baseado num fato real, a tentativa de assassinato do presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963. Frederick Forsyth era correspondente da Reuters em Paris na época e essa experiência no jornalismo o ensinou a ser muito minucioso e preocupado com as verdades históricas, isso contribuiu muito com os enredos dos seus futuros livros.
Em 1970 Forsyth tem uma idéia para escrever um livro e por à prova os seus métodos de investigação dos tempos de repórter. A partir daí constroi um personagem ‘Chacal’, envolvente em sua indiferença, admirável em sua frieza, determinado, bonito, um assassino cruel contratado por uma organização do exército francês, inimiga da independência da Argélia, para dar cabo do presidente De Gaulle. Sem identidade precisa, com gestos refinados e uma elegância masculina acima da média para a época, Chacal mata friamente quem se coloca no caminho para cumprir a tarefa para a qual foi contratado. O personagem é tão enigmático, frio, mas ao mesmo tempo tão inteligente e carismático que várias vezes me peguei torcendo por ele durante a leitura.
A experiência de Forsyth como repórter causou muitas dores de cabeça para os governos. Em O Dia do Chacal, ele descreve como o assassino é capaz de obter uma nova carteira de identidade. O assassino visita uma igreja e procura por uma lápide de alguém que nasceu quase ao mesmo tempo que ele, mas morreu na infância. Em seguida, ele obtém uma segunda via da certidão de nascimento, e a partir daí carteira de identidade. Na história real, o governo não cruzou os pedidos de emissão com os registros de morte, e Forsyth revelou isso em seus escritos.
No cinema, foi adaptado duas vezes, em 1973 e em 1997, a segunda com um elenco estrelar: Bruce Willis, Richard Gere e Sidney Poitier, é um filme de ação e deve ser visto, embora não tenha o magnetismo do livro.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Fórum Rui Barbosa - 2 Andar
Data: 04/04/2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O FIO DA NAVALHA


Este livro é um clássico, uma obra escrita em 1944, no final da Primeira Guerra Mundial, que se tornou muito emblemática para os dias de hoje. Pense num cara charmoso e educado, meio playboy, que volta da guerra e precisa achar o fio da meada de sua vida.
Pode parecer, mas não estou me referindo ao filme Nascido em 4 de Julho, e sim ao livro O Fio da Navalha, o processo é quase o mesmo já que o século 20 produziu um sem número de livros, filmes e documentários sobre jovens perdidos do pós guerra. Depois de ver seu melhor amigo morrer nos campos de batalha, o jovem Larry Darrell retorna aos Estados Unidos completamente transformado. Em pouco tempo decide deixar a vida burguesa de Chicago e adiar seu casamento com a bela Isabel. Como muitos jovens de sua geração, Larry vai passar uma temporada de loucura e depressão quando decide ir a Paris, lá ele perambula pelos cafés e começa a ler livros sobre a Índia e o Nepal.
Então Larry vê a possibilidade de um mundo radicalmente novo, abandona seus amigos ricos e seu estilo de vida e vai para a Índia em busca de iluminação, o tema misticismo oriental e a busca pela espiritualidade nunca foi tão atual, mesmo sabendo que o livro foi escrito há quase setenta anos.
O Fio da Navalha, expressão retirada por William Somerset Maugham (1874-1965) de um dos Upanixades (textos das escrituras Shruti Hindus), rendeu várias versões para o cinema, entre elas a de 1946, com Tyrone Power no papel principal, com direito a Oscar para Anne Baxter, e a de 1984, estrelada por Bill Murray.
Apesar do êxito comercial, com elevados volumes de vendas, produções teatrais de sucesso e uma série de adaptações cinematográficas, Maugham jamais conseguiu o respeito por parte dos críticos e companheiros escritores. Esses atribuíam a sua obra uma carência de lirismo, além de criticarem seu reduzido vocabulário. Ele próprio era modesto, no final de sua carreira, disse que poderia ser considerado como "um escritor dos melhores entre os escritores da segunda fila". Eu, humildemente, discordo.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Jardim Brasil - ao lado da Igreja
Data: 04/04/2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ÁGUA PARA ELEFANTES


Água Para Elefantes é um livro de histórias, muitas histórias, por isso ele entra nesta série que vai até o final de fevereiro sobre livros que você não consegue parar de ler. Não é um livro como ‘O Fugitivo’, ou ‘Se Houver Amanhã’, que são livros “adrenalizados”, se é que essa palavra existe. Mas as histórias se entrelaçam e num vai e vem entre real e lembranças você será envolvido e com certeza entrará no redemoinho de saber logo o que vai acontecer.
É o terceiro livro da escritora Sara Gruen, e todos tem em comum no enredo a participação de animais, ora como coadjuvantes, ora como personagens principais da trama. E com este não foi diferente, desde que foi lançado nos EUA em maio de 2006 o livro ficou doze semanas na lista de best seller do The New York Times, foi indicado como melhor livro de 2006 pelo Entertainment Weekly e foi o vencedor do prêmio Book Browse de 2007 na categoria de livro mais popular.
A história começa com Jacob Jankowski, homem de mais de noventa anos, vivendo numa casa de repouso desde a morte de sua esposa, cercado por velhinhos de todos os tipos, enfermeiras, e lembranças do passado. Logo somos transportados para um Jacob aos 23 anos, estudante de veterinária prestes a se formar que vê sua vida mudar radicalmente após a morte de seus pais num acidente de carro. Órfão, sem dinheiro e sem ter para onde ir, ele deixa a faculdade antes de prestar os exames finais e acaba pulando em um trem em movimento, era o comboio do Esquadrão Voador do Circo Irmãos Benzini, que se intitulava “O Maior Espetáculo da Terra”.
Jacob é descoberto pelo diretor, Tio Al, que, ao saber da sua formação universitária contrata-o para ajudar a cuidar dos animais. O treinador dos bichos é August, um homem com personalidade dúbia: consegue ser encantador com os animais, mas é brutal e vingativo quando está imerso em seus ataques, descontando sua raiva nos animais que estão sob seus cuidados. Por conta disso, Jacob desenvolve com August uma relação de amizade vigilante. Essa proximidade se revela perigosa, já que Jacob se vê apaixonado por Marlena, esposa de August e estrela do show com cavalos. Mais tarde, Jacob descobre uma segunda paixão. Ele se encanta por Rosie, uma elefanta que Tio Al compra de outro circo. Rosie deveria ser a salvação do espetáculo, que nesse tempo já estava em vias de falência, mas aparentemente é burra demais para executar algum truque.
Um conselho: não se deixe levar pela orelha do livro que fala de um tal “segredo” de Jacob, se esperar muito você vai se decepcionar, parece mais uma armadilha de marketing para conquistar o leitor, bem desnecessária na minha humilde opinião, o livro por si só é construído com tamanha riqueza que você tem vontade de ir ao circo.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Fran's Café - Pituba
Data: 25/03/2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

COLAPSO


O livro que pretendo abandonar chama-se Colapso e tem como pano de fundo a energia elétrica. Imagine o que aconteceria se ela vier a faltar, não apenas por poucos momentos, mas por largos períodos, tempos de escuridão, privações, caos. Escrito em 1978 este livro, tão dramático como oportuno, conta a história de pessoas e acontecimentos que estão envolvidos diretamente com a energia elétrica. Embora seja uma obra de ficção, é atualíssima e real, porque pode acontecer, sem medo de parecer fatalista, eu acho que a cada dia ela está mais próxima disso.
Arthur Hailey (1920-2004) era um escritor fantástico, estudou pouco já que começou a trabalhar aos quatorze anos de idade, mas, apesar disso, lia tudo que lhe caía às mãos e logo percebeu que esta é a melhor escola para quem sonha em escrever. Suas obras possuem em comum a impressionante precisão com que são descritos ambientes que até então eram conhecidos somente pelos profissionais da área. Esses ambientes eram pesquisados durante aproximadamente oito meses para cada livro. O próprio Hailey descrevia sua profissão como um trabalho duro, “é como soldar um cano ou empilhar tijolos”.
Hailey consegue nos mostrar de forma imparcial os vários pontos de vista sobre a situação misturando nesse caldeirão personagens como: Nim Goldman, o dedicado assessor que tenta alertar o público sobre a crise de eletricidade que está por vir, Davey Birdsong, um ativista engajado em sua própria guerra santa, Laura Bo Carmichael, ex- cientista atômica que agora defende arduamente o meio ambiente, Karen Soan, quadriplégica que depende da energia elétrica para continuar vivendo, Nancy Molineaux, reporter que tem na mira a empresa de energia elétrica, Harry London que luta contra os ladrões de eletricidade e ainda Georgos Archambault, líder terrorista cujas bombas espalham destruição e morte.
É muita gente, muita trama, e você vai perceber que além disso há o mundo da geração de energia elétrica, como falei no blog passado, é conhecimento e entretenimento. Para mim uma mistura perfeita.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Louge Salvador Shopping - Piso 1 - Lojas Americanas
Data: 25/03/2012