domingo, 17 de outubro de 2010

ELENI


Este é o vigésimo livro que pretendo abandonar, por isso escolhi Eleni, de Nicholas Gage. Eleni é tragédia grega no seu sentido mais tocante. É uma narrativa esmerada e profundamente humana, uma história pessoal e ao mesmo tempo universal por tratar-se da escolha de uma mãe pelos seus filhos. Mas calma aê, não se trata de uma copia de A Escolha de Sofia, obra que foi filmada e projetou Meryl Streep ao patamar de diva do cinema mundial.
A história do livro é escrita pelo filho de Eleni, Nikola Gatzoyiannis, repórter do New York Times, que tem a oportunidade de realizar o plano da sua via: investigar a fundo a vida e a morte de Eleni Gatsoyiannis, fuzilada aos 41 anos de idade pelos guerrilheiros comunistas gregos. Na sede por vingar a morte da sua mãe ele entrevista mais de 400 pessoas que a conheceram, ou que, de algum modo, estavam ligadas à sua vida e a sua morte. Consultou diários, cartas, relatórios e mapas militares, juntou a isso suas próprias recordações e as das suas irmãs para voltar aos anos 20 do século passado e a partir desse mote descrever como era a vida em Lia, pequena aldeia grega perdida no alto das montanhas de Mourgana, perto da fronteira com a Albânia, seus costumes, tradições, ritos de nascimentos, casamentos e funerais, ofícios religiosos, a vida pastoril dura e primitiva que é completamente alterada com o advento da Segunda Guerra Mundial, a ocupação italiana, depois a alemã, e a guerra civil com todas as suas atrocidades que dilaceraram a Grécia por tantos anos e que custaram muitas vidas.
Desse relato surge a personagem Eleni que, apesar de toda a sua formação aldeã, criada num meio dominado por tradições e superstições, tudo superou por amor aos filhos. Eleni consegue que quatro dos seus cinco filhos saíssem do inferno que se tornou a vida na aldeia e fugissem para a América, pagou por isso com a vida. Mas até o fim, apesar das torturas que sofreu, Eleni conservou a firmeza e a nobreza dos seus sentimentos, suas últimas palavras registradas foram de amor aos filhos e não de vingança contra seus carrascos, e é essa atitude que irá mudar radicalmente as pretensões de Nikola, causando um desfecho inesperado no livro.
O livro é um tijolão, são quase 500 páginas, mas não se assuste, comece a ler, os bons livros entretêm e você ri, chora, e quando percebe já acabou.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Restaurante Digerir
Data: 20/12/2010

2 comentários:

  1. Oie:

    Vejo que és um assíduo leitor... e isso é ótimo!
    Alias o 'conheci' ao buscar pela obra em questão/lembro de minha mãe ler em meados da década de 80 _ alias ao ver a capa me lembrei.
    Contava do sufoco que tal passou. E em tal época as coisas eram (bem mais) difíceis.
    E falam da GRÉCIA (alias um país que mostra ser bacana mesmo!)... só que NEM TÃO BOM ASSIM (vide os problemas que tal enfrenta). Pelo jeito só serviu para dar bons CIENTISTAS.
    Imagino que muitos devem confundir o filho dela com tal ator. Nem sabia que o escritor tinha tal nome em grego.
    A vida cheia de coisas mesmo.

    Tchau,
    Rodrigo (PORTO ALEGRE)

    * Espero que tenhas passado tais livros (in)desejados. Onde desejo passar adiante muita coisa também (LIVROS já consegui me livrar da maioria. Risos).

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  2. Minha nossa eu li, este livro há muitos anos atrás, é uma história linda, realmente como ele escreve no final você se envolve com a leitura que nem percebe que o livro tem 500 páginas. Vou lê-lo novamente, pois vale a pena relembrar.

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