terça-feira, 17 de agosto de 2010
CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA
Acusado por Ângela Vicário de tê-la desonrado, o jovem Santiago Nasar será morto a facadas pelos irmãos dela, os gêmeos Pedro e Pablo. Toda a vila está sabendo da vingança iminente, mas nada salvará Santiago de seu trágico destino anunciado logo à primeira linha do romance. Este é um livro curto, de construção perfeita, e o Gabriel García Márquez monta um quebra-cabeça cujas peças vão se encaixando pouco a pouco, através da superposição das versões de testemunhas que estiveram próximas a Santiago Nasar no último dia de sua vida.
Pelo fato de revelar logo na primeira linha que Santiago vai morrer o autor tem um desafio de nos manter interessados nestas últimas horas de vida do personagem. O que dota o livro de uma grandeza trágica é que o narrador adverte, e faz isso de forma contínua, que os assassinos não querem matar Santiago, embora tenham de fazê-lo, que toda a vila sabe o que vai acontecer, mas não faz nada para impedir, e a vítima é o único inocente na história.
García Márquez é um mestre em conduzir um relato só com a força das palavras, já que o leitor sabe como o livro termina e mesmo assim não consegue deixar de ler. Ele nos instiga a saber como o fato vai ocorrer, como se estivéssemos num imenso Big Brother embora o ano de lançamento seja 1981 e nem sonhávamos com esse jogo midiático. Com o tempo percebemos que a “fatalidade” é a personagem central do romance, uma personagem indiscutida, se é que existe essa palavra, mas que comanda a vida dos homens, nos livros ou na vida.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Praça Almeida Couto - Praça da Biblioteca Monteiro Lobato
Data: 11/10/2010
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