Quando tinha 8 anos ganhei de presente da minha madrinha
o livro O Pequeno Príncipe. Eu era carinhosamente chamado de príncipe porque, segundo ela, era o afilhado mais educado... Perceba que disse “segundo ela”, não me
achava assim tão educado, mas confesso que diante da sua figura tão impoluta eu
caprichava um pouco. Li o livro e achei bacana. Aos 12 eu o achei no meio de
outros livros e num domingo de chuva decidi ler novamente, lembro-me de ter
descoberto algumas coisas novas que antes não havia percebido, é que na
primeira leitura o que mais me impressionou foram as gravuras.
Alguns anos depois comprei uma edição bem bacana no
Círculo do Livro, de capa dura e papel couche com brilho. É a versão que guardo
até hoje e a que pretendo abandonar. Adquiri o hábito de reler esse singelo
livro de cinco em cinco anos, pode apostar que a cada leitura descubro
coisas novas, percebo intenções que não havia notado ou frases que grifei com
um novo sentido.
Por vezes me sinto mais maduro e por outras acho que
retrocedi. Tenho plena consciência de que a essa altura do campeonato o livro
pode soar cafona, nos anos 70 era o famoso livro das Misses, todas juravam que
tinham um exemplar sobre a cabeceira. Mas o fato é que frases como as que
você vai ler aqui estão em nosso inconsciente coletivo, mesmo que você nunca
tenha lido o livro.
“Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os
homens não tem mais amigos.”
“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três
eu começarei a ser feliz.”
“O essencial é invisível aos olhos.”
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
cativas.”
É um clássico. Já vendeu mais de 50 milhões de exemplares, em
mais de 400 edições e foi traduzido para uma centena de idiomas e dialetos. O escritor
francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) conta a história do principezinho
originário do asteroide B612, traçada de forma delicada e criativa. Pode
parecer simples, mas engana-se o leitor que não perceber os personagens plenos
de simbolismos. O pequeno planeta do tamanho de uma casa com seus três vulcões, a flor de grande beleza, o geógrafo, a serpente, a raposa, o adulto
solitário, todos nos ajudam a compreender a grande viagem do Pequeno Príncipe.
À primeira vista, um livro para crianças. Mas na definição
do autor “um livro urgentíssimo para adultos”. Isso talvez explique a
extraordinária sobrevivência literária da obra.
Cidade do abandono: Campinas/SP
Local: Aeroporto Viracopos
Data: 18/12/2012
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