quarta-feira, 26 de outubro de 2011
CAIM & ABEL
Abel Rosnovski, polonês, filho ilegítimo, nasce numa floresta em Slonim e sua mãe morre no parto. É adotado por uma família pobre e criado junto com outros seis irmãos. Sobrevive às dificuldades da infância e aos horrores da Primeira Guerra Mundial. Imigra para os Estados Unidos onde faz fortuna e torna-se proprietário de uma poderosa cadeia de hotéis.
William Kane, americano, de uma tradicional família de banqueiros de Boston, é formado para comandar um império financeiro. Herda a fortuna do pai e assume a presidência do banco, luta com todas as armas para transformá-lo em uma das mais importantes instituições financeiras do mundo.
Acha que falei tudo? Que nada, ainda falta muito.
Ao longo de 65 anos, tendo como pano de fundo um panorama histórico das transformações da sociedade, dos costumes e da política do século XX, Kane e Abel crescem, casam, tem filhos, experimentam fracassos, vitórias, passam por dramas pessoas e profissionais e, após uma sucessão de acontecimentos engenhosamente encadeados por Jeffrey Archer, os dois homens encontram-se finalmente para se transformarem em obcecados inimigos, cada qual decidido a destruir o outro e assim preservar suas conquistas.
Você já leu uma saga? Dessas que narram uma vida inteira? Não? Então se prepare para essa tarefa. O livro que vou abandonar é resultado da aguçada observação da realidade e da intensa pesquisa histórica do autor. Existe uma lenda de que Jeffrey Archer chegou a escrever dezoito versões do livro antes de entregar os originais aos editores. E não deve ter sido uma tarefa fácil, afinal são 575 páginas escritas com um estilo ágil, direto e cheio de reviravoltas. Jeffrey pode ter levado um tampão para escrever, mas eu não consegui largar o livro e o devorei em três dias.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Garagem 2 - Salvador Shopping
Data: 22/01/2012
domingo, 16 de outubro de 2011
DIÁRIO DE UM LADRÃO
Se Jean Genet (1910-1986) estivesse vivo seria um ótimo blogueiro. Aposto minha edição de Memórias de Adriano que seu blog seria mais famoso que o da Bruna Surfistinha, e Diário de um Ladrão seria um livro mais comentado do que o pobre O Doce Veneno do Escorpião. Embora eu compartilhe da opinião de que cada época é diferente e produziu suas obras dentro dos recursos disponíveis, e por isso mesmo importantíssimos como retrato, ou relato, e a partir daí temos a história, fico por vezes a pensar em autores já falecidos vivenciando os recursos atuais e com as devidas liberdades disponíveis dos dias de hoje.
Esse é o caso de Jean Genet, cuja contracapa do livro o enquadra como “ladrão, homossexual e prostituto”. Três alcunhas carregadas de emoção, preconceito e violência. Já eu prefiro o epíteto de escritor, poeta e dramaturgo, e por esse mote você já percebe que Jean Genet não foi uma unanimidade, muito pelo contrário, era controverso e polêmico. Com tantos adjetivos você também já sabe que terá de ser como São Tomé, ler suas obras para tirar suas próprias conclusões.
Diário de um Ladrão é um mix de autobiografia com livro de memórias, adicionadas aqui e acolá várias pitadas de devaneio do próprio autor, passagens que você não sabe se são verdadeiras ou se são versões do autor para os fatos ocorridos. Genet narra suas andanças por vários países da Europa, seus encontros e amores com os mais variados tipos de marginais e, ao conferir uma dimensão quase heróica à criminalidade, ele se transforma numa espécie de ‘santo às avessas’, ou como preferem alguns, um ‘anjo do mal’. Suas cenas são descritas com crueza e violência, embaladas por cenários de extrema pobreza e conduzidos por caminhos tortuosos de amor e sexo bruto.
Jean-Paul Sartre, muito amigo de Genet, afirmou que Diário de um Ladrão deve ser lido como um livro poético, assim como O Balcão, As Criadas e Nossa Senhora das Flores. Ler essa obra requer um olhar diferente, sem pré julgamento, com a alma aberta para tentar compreender uma época, um conceito, um modo de vida, um exemplo a ser seguido... Ou não.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Estacionamento Perini - Graça
Data: 18/12/2011
domingo, 9 de outubro de 2011
MACUNAÍMA
Na sexta-feira passada ao sair do trabalho passei no shopping aqui perto de casa e por curiosidade, juro que não pretendia comprar nada, entrei na livraria. Bem, a curiosidade se refletiu em duas compras; a primeira foi o livro de memórias do Ricardo Amaral chamado Vaudeveille que comecei a ler ontem e estou aproveitando a leitura para malhar bíceps uma vez que o livro é um tijolão de 500 páginas. Mas o que isso tem a ver com o blog? Calma.
A segunda compra foi ao acaso, passando pela estante cujo tema era ‘Clássicos’ fiquei a pensar nos títulos que eles consideraram como tal. Eu sempre me empolgo com aquelas listas sobre os 100, ou os 1000 livros que você deve ler antes de morrer e em geral me sinto um obtuso porque vejo que não li nem metade do recomendado, mas eu sigo em frente lendo o que me cai às mãos sem seguir uma regra ou uma lista publicada sabe-se lá com que critério. Mas o que isso tem a ver com o blog? Calma.
A estante estava realmente cheia de clássicos: Guerra e Paz, Édipo Rei, Decamerão, O Pequeno Príncipe, Os Três Mosqueteiros, Crime e Castigo, O Velho e o Mar, 1984, A Peste, Os Lusíadas, Ensaio Sobre a Cegueira, A Hora da Estrela, Os Sertões, O Tempo e o Vento... etc., e Macunaíma. Este último me chamou à atenção.
Já falei aqui sobre o Mário de Andrade, post Contos Novos em 20/08/2011, mas confesso que não resisti e comprei o livro só para abandoná-lo, fato inédito até aqui uma vez que abandono meus próprios livros, lidos, relidos, e por vezes cheios de anotações. Acontece que o meu Macunaíma é de novembro de 1981, com várias anotações depois que vi o filme, e este vou deixar para a posteridade. O que me chamou à atenção na época e chama até hoje é que Macunaíma é um anti-herói, um herói sem nenhum caráter, safado, mentiroso, traidor, além de extremamente preguiçoso. O livro é voltado para uma ótica cômica, critica o romantismo, utiliza-se dos mitos indígenas, das lendas, provérbios do povo brasileiro e registra alguns aspectos do folclore do país até então pouco conhecidos, lembrando que foi escrito em 1928. É uma obra surrealista, onde se encontram aspectos ilógicos e fantasiosos. Apresenta críticas implícitas à miscigenação étnica (raças) e religiosa (catolicismo, paganismo, candomblé) e uma crítica maior à linguagem culta já vista no Brasil.
Macunaíma está na minha memória como um dos clássicos da literatura brasileira, vale à pena aventurar-se.
PS: Na edição que comprei para abandonar há um capítulo extra intitulado “Para Entender Macunaíma” que traz um panorama sobre a escrita do livro e fatos que marcaram a vida do escritor Mário de Andrade fazendo com que o leitor atual identifique as vertentes modernistas que marcaram a época.
Cidade do abandono: Salvador/BA
Local: Sala de Arte - Cinema da UFBA
Data: 18/12/2011
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